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Os Desafios do Setor Energético Brasileiro

  • Foto do escritor: Milton Wells
    Milton Wells
  • 29 de set.
  • 2 min de leitura

Por Julien Dias


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O setor energético brasileiro enfrenta, atualmente, desafios estruturais significativos para a expansão de projetos em energia renovável. Além das já conhecidas barreiras ambientais e regulatórias, surgiram novas dificuldades nos últimos anos, sobretudo em função do aumento expressivo dos custos de implementação — consequência direta das disrupções trazidas pela pandemia de Covid-19. Embora o cenário sanitário tenha sido superado, os preços de equipamentos e insumos não retornaram aos níveis anteriores, pressionados pela instabilidade financeira de fornecedores, muitos dos quais encerraram atividades ou enfrentam dificuldades de solvência.

Houve algum alívio com o recente leilão de energia A-5, voltado para empreendimentos hídricos. No entanto, essa medida está longe de atender à crescente demanda do país, impulsionada por fatores como a eletrificação da frota (especialmente veículos elétricos), a necessidade de descarbonização e as metas de transição energética. Ainda assim, persistem entraves relevantes: o custo de capital permanece proibitivo diante das elevadas taxas de juros, e as instituições financeiras — em especial o BNDES — impõem requisitos cada vez mais rigorosos de garantias, o que restringe o acesso dos empreendedores ao crédito.

 

Um exemplo claro é a exigência de fiança bancária durante todo o período do financiamento. Em um ambiente de juros altos, os bancos comerciais evitam conceder esse produto, já que o spread associado é reduzido em comparação a outras operações mais rentáveis. Isso cria uma barreira quase intransponível para os desenvolvedores, que se veem em um impasse: a falta de garantias suficientes inviabiliza a contratação de financiamento, retardando o avanço da infraestrutura energética nacional.

 

O risco é claro: se os projetos essenciais não forem estruturados e implementados no presente, o país pode enfrentar escassez de oferta no médio prazo. Usinas e linhas de transmissão demandam anos entre planejamento, licenciamento e construção. A postergação de decisões hoje pode se traduzir em gargalos de energia amanhã, comprometendo tanto a segurança energética quanto a competitividade do setor produtivo brasileiro.

 

Outro obstáculo recorrente é a limitação na disponibilidade de pontos de conexão. Em leilões recentes, diversos projetos vencedores não conseguiram avançar justamente pela ausência de capacidade de escoamento da energia. Esse descompasso entre expansão da geração e planejamento da transmissão expõe uma fragilidade estrutural do setor elétrico brasileiro.

Diante desse cenário, torna-se urgente uma revisão abrangente das políticas públicas e dos mecanismos de financiamento. A atual estratégia governamental, ainda fortemente baseada em subsídios e medidas pontuais — como a MP 1300 —, pode não ser suficiente para assegurar a sustentabilidade do sistema no longo prazo. É necessário repensar o modelo, priorizando soluções estruturantes em financiamento, planejamento integrado de infraestrutura e incentivos de mercado que de fato viabilizem o investimento privado em larga escala.

O questionamento se impõe: estamos realmente trilhando o caminho mais adequado? A resposta exige coragem para repensar políticas e adotar medidas de longo prazo, capazes de dar previsibilidade, estabilidade regulatória e segurança financeira ao setor, evitando que a transição energética brasileira fique refém de obstáculos conjunturais e de soluções paliativas.

 

 (*) Diretor de Economizenergia

 

 
 
 

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