Eletrisa define parcerias estratégicas para avançar em novos mercados e projetos de alta complexidade
- Milton Wells
- há 35 minutos
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Em um cenário elétrico brasileiro marcado por incertezas regulatórias e desequilíbrios de oferta, a Eletrisa, de Blumenau (SC), do setor de gestão de energia, apesar da cautela diante da conjuntura nacional, irá priorizar a conquista de novos desafios através de alianças.
Em entrevista à Hydro Brasil, Nuno Cardoso, CEO da companhia, detalhou que para o cenário 2025/2026 a Eletrisa não planeja aquisição estratégica nem reservou em seu orçamento valores definidos para M&A. “Para os nossos planos de crescimento, decidimos firmar parcerias estratégicas para garantir a entrada em novos mercados e projetos de alta complexidade”, afirmou.
“A atual incerteza regulatória e desequilíbrios de oferta de energia exigem que sejamos cautelosos e analíticos nos passos que almejamos dar para o futuro, em virtude de ser difícil construir cenários e projeções econômicas que nos conduzam a investimentos”.
Ao longo de sua história, a Eletrisa se firmou por apresentar um portfólio de serviços de acordo com as necessidades dos clientes, englobando operação remota, manutenção, engenharia e administração financeira e societária de usinas. A empresa opera em seis estados (RS, SC, MG, GO, MT e RO) e administra mais de 50 usinas, somando cerca de 300 MW, majoritariamente em PCHs e CGHs.
No entanto, a diversificação representa um pilar estratégico. "O nosso crescimento continuará a se concentrar na fonte hídrica, mas buscamos aumentar a representatividade de outras fontes na nossa carteira," esclareceu Cardoso, pontuando que a empresa dispõe de maturidade técnica para assumir novos desafios em segmentos como solar e térmico.
Alicerces
Um dos alicerces que sustenta a confiança da Eletrisa para progredir em projetos mais complexos é o seu Centro de Operação e Gestão (COG), homologado pelo ONS. O COG funciona sobre a plataforma Elipse, mas com um nível de customização que o distingue.
"O COG Eletrisa vai além de uma sala de despacho de geração, ele constitui um centro de análise de desempenho e diagnóstico da usina," explica o CEO. Essa inteligência é impulsionada pela Eletrify, a start-up interna da Eletrisa, sediada no Centro de Inovação de Blumenau (CIB). A Eletrify responde por desenvolver soluções em automação, cibersegurança e atender a regulações (ANA e ANEEL), assegurando a assertividade do COG, que conta com investimentos em redundância de servidores em nuvem Tier 3 e segurança cibernética 24/7.

Ele ressalta ainda o papel dos recursos humanos, “bem recrutada e treinada da empresa”, observando que, junto com a tecnologia, formam os fatores que permitem “assumir desafios exigentes e complexos”.
Apesar de registrar um crescimento de receita a dois dígitos percentuais e aumento do EBITDA nos últimos dois anos, Nuno Cardoso manifesta "apreensão" com a conjuntura do setor, mencionando um planejamento questionável que gera excesso de geração intermitente e incerteza regulatória. "Todo este cenário causa preocupações, incertezas e afasta investidores pela falta de previsibilidade regulatória," ressalta.
Foco
A empresa adota uma postura cautelosa. Decidiu por não estruturar empreendimentos próprios no último leilão A-5, focando no core-business de prestação de serviços.
A empresa também vê a abertura geral do mercado de energia como um ponto positivo, que trará mais competitividade e novas oportunidades. No entanto, o foco para o futuro permanece na prestação de serviços de gestão de geração, sem planos imediatos de entrar no segmento de comercialização de energia, nem de realizar aquisições estratégicas (M&A) para crescer.
"O nosso crescimento continuará a ser na fonte hídrica, mas pretendemos aumentar a representatividade de outras fontes na nossa carteira," concluiu Nuno Cardoso, sinalizando que o crescimento para 2025/2026 será primariamente orgânico, impulsionado pela expansão da carteira e a venda de soluções e serviços customizados.




