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Ricardo Abrahão questiona a forma como as barragens estão sendo calculadas



Com a experiência de 52 anos, em que colaborou em mais de uma centena de obras de infraestrutura e recursos hídricos, entre elas Água Vermelha, Itaipu, Xingó, o geólogo Ricardo Abrahão questiona a forma como a estabilidade das barragens está sendo calculada, o que implicaria em ajustes a serem definidos por futura norma da ABNT. A seguir, acompanhe sua entrevista realizada pouco antes de sua palestra sobre ‘Subpressão e estabilidade de barragens de concreto’ no 1º Summit de Segurança de Barragens, realizado em Florianópolis pela MC e Sultec, nos dias 14 e 15 de setembro.

A forma de cálculo

Com todos esses anos de experiência, é possível questionar a forma como a estabilidade das barragens está sendo calculada. Principalmente agora que estão sendo feitas revisões de segurança, as barragens precisam ser recalculadas. Ocorre que, para recalcular, têm sido usadas as cargas do critério de projeto, o que não é real, porque a avaliação é sobre o desempenho da estrutura e tem de ser feita com base nas informações da instrumentação.

O que mostra a instrumentação

A instrumentação mostra que as formas de cálculo precisam ser melhoradas, porque algumas cargas reais aplicadas são muito inferiores ao critério de projeto. Uma coisa é o critério de projeto para fazer a obra e outra é a sua avaliação de desempenho.

Como seria feita essa adequação

É difícil de fazer porque a forma de calcular é muito antiga, apesar de ainda ser utilizada internacionalmente. Contudo, acho que já passou da época de fazer uma reanálise disso, a fim de evitar que os donos de obras gastem dinheiro à toa, porque muitos desses cálculos que estão sendo feitos estão impondo modificações apenas para atender ao critério de projeto.

Adaptação da forma de calcular as estabilidades das barragens

Defendo uma adaptação na forma de calcular as estabilidades das barragens, o que é possível de se fazer. Uma das formas, no Brasil, seria mudar o critério de projeto ou mudar as recomendações. Caberia à ABNT a responsabilidade de instituir uma nova norma.

O que vigora hoje

Hoje não temos essa norma. O que nós temos hoje são as recomendações da Eletrobras, de 2003, baseadas em dados de mais de 50 anos. A norma será emitida pela ABNT e passaria ter força de lei assim que for promulgada. A criação da norma está em andamento.


A última resolução da Aneel sobre segurança de barragens

A resolução da Aneel veio a deflagrar um movimento bastante importante e que necessita de encaminhamento mais preciso a partir dos engenheiros mais experientes, porque tem muita gente no mercado que não é do ramo. De outra parte, os agentes públicos precisam ter maior colaboração, porque estão criando uma série de obrigações, às vezes desnecessárias. Trata-se de um verdadeiro tiro no pé porque impõe ao empreendedor obrigações que, no médio prazo, encarecerão as tarifas de seu produto. Algumas obrigações poderiam ser de responsabilidade do estado de modo a não deixar toda a responsabilidade com o empreendedor.



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