
O próximo leilão A-5, de PCHs até 50 MW, previsto para julho, enfrenta um cenário desafiador em Minas Gerais. A combinação de baixa demanda esperada com custos de implantação elevados tem gerado incertezas no setor, com projeções de um número reduzido de projetos cadastrados.
De acordo om Augusto Machado, presidente do SINGTD/ MG ( Sindicato Intermunicipal das Empresas de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia do estado de Minas Gerais), a expectativa é de que cerca de 70 projetos sejam cadastrados, totalizando aproximadamente 1.050 MW de potência. Para efeito de comparação, no último Leilão A-5 realizado em 2022, foram cadastrados 1.516 MW em aproveitamentos de até 50 MW, dos quais 985 MW foram habilitados. “Esses números oferecem uma referência importante, mas o cenário atual pode apontar para um comportamento mais conservador por parte do mercado”, afirma Machado.
A maioria dos projetos que devem participar do leilão encontra-se na fase inicial de licenciamento. Além disso, a participação de projetos de ampliação de usinas já existentes é considerada baixa.
Um dos principais desafios enfrentados pelo setor é a baixa demanda de energia. A média de contratação nos últimos leilões tem apresentado um declínio significativo, com uma expectativa de que o volume contratado no próximo leilão fique abaixo de 100 MW médios, pondera o executivo.
Custos
Outro fator que impacta a viabilidade dos projetos é o aumento dos custos de implantação. A pandemia da COVID-19 e a alta nos preços de insumos básicos, como cimento e aço, elevaram significativamente os investimentos necessários para a construção das usinas. Além disso, os custos com equipamentos eletroeletrônicos, mão de obra especializada, aluguel de maquinário e aquisição de terras também registraram aumentos expressivos, impactando diretamente a viabilidade econômica dos empreendimentos, relata o presidente do Sindicato.
Sobre o preço teto estabelecido para o leilão, em torno de R$ 380,00/MWh, Machado considera suficiente para viabilizar os melhores projetos, mas a baixa demanda e a intensa competição entre os participantes podem pressioná-lo para baixo. “No entanto, tudo dependerá fortemente da demanda a ser contratada. O que se tem observado nos últimos leilões é uma baixa demanda, o que tem resultado em um ambiente de competição muito acirrado”, diz ele.

Augusto Machado, presidente do SINGTD/ MG
Declínio
Ao analisar a média de contratação nos leilões realizados desde 2021, Machado mostra que a demanda tem apresentado um comportamento de declínio e foi muito aquém das expectativas do setor.
A média observada nesse período foi de 143 MW médios, distribuídos da seguinte forma: 2021 – 334 MW médios contratados em dois leilões; 2022 – 238 MW médios contratados em um leilão; 2023 e 2024 – sem contratação .
Considerando esse histórico recente, aliado à ampliação da abertura de mercado e ao avanço expressivo da implantação de parques solares na configuração de Geração Distribuída, a expectativa é de que a demanda no próximo leilão se mantenha em patamares reduzidos. Assim, é provável que o volume contratado fique próximo ou até mesmo abaixo de 100 MW médios, completa o executivo.
Apesar dos desafios, Minas Gerais possui um grande potencial hidrelétrico ainda a ser explorado. Atualmente, o estado conta com 71 PCHs e 135 CGHs em operação, gerando conjuntamente 931,39 MW de potência. No entanto, as empresas têm enfrentado dificuldades no desenvolvimento e licenciamento de novos projetos.
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