Leilão A-5 reaquece mercado de PCHs, mas demanda por equipamentos cresce gradualmente
- Milton Wells
- 9 de set.
- 2 min de leitura

O recente leilão de Energia Nova A-5, realizado em agosto de 2025, injetou otimismo no
mercado de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), reacendendo a confiança nos investimentos no setor. O certame contratou 65 projetos que, somados, representam uma potência de 815,6 MW, com uma média de 12,54 MW por empreendimento. No entanto, a demanda por equipamentos como turbinas e geradores, embora crescente, deve se consolidar de forma mais gradual.
Apesar de o leilão sinalizar um bom horizonte de negócios, o impacto nas vendas de fabricantes será limitado neste ano. A previsão de um aumento modesto de 2% a 5% em 2025, segundo Ronaldo Pulga, da Hacker Industrial, reflete o tempo necessário para que os projetos saiam do papel.
Janela de tempo
Segundo Luiz Antonio Valbusa, diretor da SEMI Industrial, a maior parte dos projetos só deve iniciar as obras entre 2027 e 2028. Essa janela de tempo é justificada pelo prazo de cinco anos que os empreendedores têm para entregar a energia vendida, o que alivia a pressão sobre os fabricantes de equipamentos no curto prazo.

Luiz Antonio Valbusa
Para Rafael Kieling, diretor executivo da Hidroenergia, o leilão representa um movimento claro de reativação do setor. "Observamos um aumento expressivo nas consultas técnicas e orçamentárias", afirma. A Hidroenergia, que atua com tecnologia e engenharia 100% nacionais, está preparada para ser protagonista nesse novo ciclo.
A escolha das turbinas reflete as características geográficas de cada projeto. Valbusa, da SEMI Industrial, aponta que as turbinas Francis e Kaplan dominam a demanda, representando 52% e 46% do total, respectivamente. As turbinas Pelton correspondem a apenas 2%. Essa diversidade exige que os fabricantes dominem a engenharia de cada tipo para oferecer a solução ideal.

Rafael Kieeling
Pulga, da Hacker Industrial, destaca que a escolha da máquina mais adequada depende de fatores como queda e vazão, exigindo um trabalho de engenharia sob medida. Kieling da Hidroenergia, por sua vez, afirma atuar com domínio técnico em todas as tipologias, garantindo soluções personalizadas e com alta eficiência.
Tendência
Essa tendência reforça a necessidade de os fabricantes estarem preparados para fornecer soluções específicas para cada tipo de projeto. Para atender a essa demanda diversificada, as empresas do setor estão investindo em inovação e planejamento. A Hacker Industrial menciona o uso de CFD (Computational Fluid Dynamics) para projetos otimizados e o design modular para facilitar a manutenção. Já a Hidroenergia, que atua com fabricação nacional e engenharia própria, foca em soluções sob medida com alta eficiência e durabilidade.

Ronaldo Pulga
A chave para evitar atrasos
A antecipação é a chave para evitar atrasos. A Hacker Industrial está se preparando com o planejamento da cadeia de suprimentos e até a expansão da capacidade fabril, enquanto a Hidroenergia afirma operar com 70% a 80% de sua capacidade, o que oferece flexibilidade para ampliar a produção.
O planejamento também é essencial para manter a estabilidade de preços. Embora o aumento da demanda possa pressionar os custos de insumos, a SEMI Industrial aposta na maior disponibilidade de aço carbono no mercado interno, devido a recentes medidas tarifárias dos Estados Unidos, como um fator de estabilidade. No entanto, Valbusa projeta que o prazo padrão de entrega das turbinas pode evoluir de 12 para 14 ou 15 meses nos próximos dois anos, um ajuste natural diante do aumento da carga de trabalho prevista.








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