HY Brazil aposta em PCHs no Leilão A-5 e destaca o valor da fonte hídrica
- Milton Wells
- 17 de jun.
- 3 min de leitura

Glauber Freitas
Em um cenário de incertezas econômicas e regulatórias, a HY Brazil confirma sua participação no Leilão A-5, agendado para agosto de 2025, com a inscrição de quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em Minas Gerais, totalizando 70 MW de potência instalada. A decisão, segundo Gláuber Freitas, diretor de operações da empresa, reflete a busca por um ambiente regulado que viabilize investimentos em hidrelétricas, dada a dificuldade de precificação dos atributos positivos da fonte hidráulica no mercado livre.
"Empreendimentos hidrelétricos já faz um bom tempo que não se viabilizam com os preços de energia praticados no mercado livre. A única chance que o setor de hidrelétricas tem de colocar de pé seus empreendimentos é no ambiente regulado (ACR), por conta de valores mais elevados e PPA de longo prazo", explica Freitas.
Freitas não esconde os desafios enfrentados pelo setor. A falta de demanda por parte das distribuidoras, em função do baixo crescimento econômico do Brasil, é um dos principais obstáculos. Do ponto de vista regulatório, a ANEEL é vista como uma agência confiável, mas a revisão de garantia física dos empreendimentos hidrelétricos é um ponto de preocupação, com a HY Brazil monitorando de perto a Resolução Normativa ANEEL nº 1.033/2022.
O cenário econômico, por sua vez, é impactado pela elevada taxa de juros. Freitas exemplifica a dificuldade: "As últimas PCHs que a HY Brazil implantou ao longo de 2019 e 2020, quando a Selic estava no patamar de 5,0%, destinávamos R$120,00 por MWh para pagamento dos juros da dívida no primeiro ano de operação. Hoje, com a Selic a 14,75%, temos que reservar R$230,00 por MWh, o que já começa a dificultar a bancabilidade dos projetos e principalmente a atratividade do investimento."
O processo de desenvolvimento de PCHs, desde a obtenção de licenças até a construção e operação, também apresenta desafios. A licença ambiental é um "ponto sensível", com a subjetividade e o ativismo ambiental dificultando a clareza das regras. Para a fase de implantação, a construtora própria do Grupo HY Brazil tem sido um diferencial, enquanto na operação, a empresa busca diálogo com os órgãos ambientais para racionalizar condicionantes e novamente se preocupa com o rebaixamento da garantia física.
Apesar das incertezas, a HY Brazil mantém uma perspectiva de longo prazo, apostando na queda dos juros para tornar os investimentos mais atrativos. Caso os resultados no Leilão A-5 não sejam os esperados, a empresa continuará buscando a viabilização dos projetos em futuros certames, demonstrando sua crença na fonte hidráulica.
Freitas ressalta que a HY Brazil tem expandido sua atuação para usinas solares, com a subsidiária Mini Solares do Brasil já tendo implantado 160 MWp e com a meta de chegar a 230 MWp. Além disso, a empresa está atenta ao mercado de armazenamento, incluindo usinas hidrelétricas reversíveis e baterias de lítio associadas a usinas solares.
Gláuber Freitas é enfático sobre o futuro da geração hidrelétrica no Brasil. Ele destaca os atributos da fonte – previsibilidade, armazenamento e despachabilidade – que as novas renováveis não possuem. Segundo ele, a intermitência da solar e da eólica tem apresentado um custo econômico para a sociedade e coloca em risco a descarbonização, levando à expansão de térmicas poluentes.
"A sustentabilidade das novas renováveis depende de uma solução de armazenamento eficiente, garantindo um controle da intermitência e também permitir que a energia seja alocada nos momentos em que houver demanda para o consumo. E eu desconheço energia mais barata, limpa, eficiente e longeva do que reservatórios", afirma Freitas, demonstrando sua convicção de que o poder público e a sociedade "muito em breve passarão a demandar por novas hidrelétricas".
A expectativa de demanda para o Leilão A-5 é baixa, na visão de Freitas, devido à grande entrada de energia pela geração distribuída. No entanto, a decisão do Ministério de Minas e Energia (MME) de marcar um leilão específico para PCHs, após dois anos sem incluí-las em certames, é vista como um sinal positivo.
"Essa decisão demonstra que o governo percebeu o valor estratégico das PCHs na matriz energética e também reconhece a importância de prestigiar o setor industrial que hoje é referência mundial e com tecnologia 100% nacional", conclui Freitas, com a esperança de que os leilões de hidrelétricas, especialmente as de até 50 MW, se tornem frequentes.
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